quinta-feira, 10 de setembro de 2009

SERÁ QUE AINDA É TEMPO?

por Luciene C. Miranda

Recentemente ouvi o comentário de uma senhora que me chamou atenção. Disse que não consegue acreditar que algo de bom ainda pode acontecer em sua vida. Uma senhora bonita, em torno de seus setenta anos, saudável, ativa e independente, porém não consegue pensar em sua vida no futuro, pois acha que na sua idade já não é mais possível fazer planos para o futuro.

A impressão que tive é a de que para muitos idosos, como esta senhora, existe um longo e marcante passado, um presente que se é vivido, porém parece que o futuro já não lhe pertence mais.

Infelizmente, parece que ainda carregamos conosco aquela idéia, um tanto preconceituosa, sobre o envelhecimento de que nesta fase da vida não há tempo para mais nada, apenas para aceitar a vida como ela é e esperar a morte chegar. Concordo com a parte de aceitar a vida que já foi vivida, porém isto não é apenas para quem já está idoso, a aceitação deve acontecer em todas as fases da vida. Porém não falo de uma aceitação que é sinônimo de acomodação, mas de aceitarmos o que já foi feito, que não pode mais ser modificado, porém sempre tentando mudar nosso futuro para melhor, refletindo sobre nossas escolhas e suas conseqüências futuras.

Independente de nossa idade, todos temos o direito de desejar um futuro melhor, esperar que coisas boas aconteçam, ter desejos, expectativas. Lógico que à medida que envelhecemos começamos a fazer planos para um futuro cada vez mais próximo, ao contrário de quando éramos crianças e perdíamos horas e horas imaginando o que iríamos ser quando crescêssemos. O idoso pode pensar em curto prazo: planejar uma viagem, a compra de alguma coisa que tenha interesse, uma pequena reforma em casa, pequenos ou grandes passeios com amigos, família, companheiro(a), enfim, não temos idade para sonhar e para fazermos o que nos faz sentir bem. Às vezes, terceira idade é um momento bastante propício para colocarmos planos passados em prática, pois na maioria das vezes o idoso não tem que se preocupar com horário de trabalho, com os filhos pequenos, com os estudos.

Um envelhecimento ativo, sem doenças que possam causar limitações pode e deve ser vivenciado como as demais fases da vida: com diversão, prazer de viver e responsabilidade.

O idoso não deve deixar que a esperança envelheça junto com ele: a esperança de que um dia as coisas podem ficar melhores nos auxilia nos momentos de dificuldade e nos motiva a viver em busca de um ideal, um objetivo. O que seria de nossa vida sem sonhos, desejos e expectativas? Se vamos alcançá-los, eu também não sei. Mas acredito que eles fazem nossa vida mais gostosa! Não dizem que o melhor da festa é esperar por ela? Então vamos esperar…

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