terça-feira, 20 de outubro de 2009

Terapia ocupacional na terceira idade.


Há pouco tempo, durante uma avaliação de uma idosa de 64 anos, ouvi uma frase que dizia exatamente: “Velhice é sinônimo de doença”. Fiquei pensando sobre isso e acredito , na prática clínica, que doenças existem, de fato: artroses, pressão alta, diabetes, sequelas de “derrame”. Entretanto, o que realmente penso é que existe doença, mas pode haver, também, qualidade de vida. E, muitas vezes, não há doença nem mesmo doenças, se as prevenimos e nos cuidamos.

A terapia ocupacional é uma profissão da saúde que trata e reabilita o cliente, a fim de que ele esteja apto para realizar suas atividades do cotidiano: banho, alimentação, trabalho, lazer, entre outras. Buscamos no tratamento a independência e a autonomia. Detectamos se existe ou não um problema na execução dessas atividades, ou se essas atividades devem ou não ser estimuladas para evitar um déficit posteriormente. Quando não é possível que o idoso faça suas atividades, usamos ou criamos adaptações para que ele continue a desempenhá-las.

Atuamos, portanto, na área de prevenção, manutenção e reabilitação. Lidamos com a população saudável até as mais comprometida e objetivamos a manutenção das funções físicas e cognitivas, para que os clientes consigam se preparar também para perdas que possam vir a ocorrer, tais como diminuição da força muscular, dificuldades de movimentações, diminuição do lazer… e em todos os casos o mais importante, para nós, é manter a qualidade de vida.

Assim, o terapeuta ocupacional tem um grande trabalho a realizar em núcleos de atenção ao idoso, grupos de preparação para aposentadoria em empresas, postos de saúde, programa do governo, clínicas especializadas, consultórios, atendimentos domiciliares e hospitais.

Sabemos como é difícil e incômodo nos tornarmos pessoas dependentes, parcial ou totalmente, numa época da vida em que ainda nos vemos cheios de afazeres, trabalho, atividades físicas, grupos de amigos e compromissos. E, no entanto, anos depois estamos ociosos e acreditando que não somos mais capazes de continuarmos com tais atividades. É natural que os compromissos vão diminuindo, se modificando; os filhos crescem, casam, saem de casa, aposentamos… Mas temos de substituir, recriar e manter o que fazemos, redescobrir o que gostamos de fazer, o que nos dá prazer e felicidade.

Muitos acreditam que, quando chega a doença ou a velhice, a vida acaba, não sabendo que é possível se manterem ativos. Podem haver deficiências nas funções e estruturas do corpo que levem a limitações, restrições na participação na comunidade e na família e nas atividades da vida diária, mas mesmo assim é possível viver, e com qualidade, alegria. E o terapeuta ocupacional irá, junto com o idoso, promover a saúde, a independência e o bem-estar, para que seja possível continuar vivendo e se sentindo útil.

Renata Costa da Silva
Terapeuta Ocupacional

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