sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Qualidade de vida da pessoa idosa

Ir. Naim Bezerra Guedes, F.D.C. [ Coordenador da Pastoral da Pessoa Idosa ]

O Brasil está cada vez mais velho. Daqui a 20 anos a pirâmide da faixa etária brasileira vai virar de cabeça para baixo. O número de idosos com mais de 80 anos crescerá 6% ao ano (hoje aumenta 4% ao ano), enquanto haverá queda da fecundidade e a população total começará a diminuir. Neste ano de 2010 começará a decrescer a faixa entre 15 e 29 anos (dados do IPEA).

O número de idosos no Brasil (21 milhões) já supera o de crianças (19,4 milhões). O Rio de Janeiro é o Estado com o maior índice de pessoas com mais de 60 anos (14,9%). No Rio Grande do Norte, 10% da população já é de idosos.

Identificar as virtudes da idade madura é um desafio e vivê-la de maneira positiva é uma questão existencial que se propõe a um número cada vez maior de pessoas em todo o mundo, uma vez que o envelhecimento populacional está se generalizando. Descobrir as condições que permitem envelhecer bem, com boa qualidade de vida e senso pessoal de bem estar, é tarefa multidisciplinar.

A promoção da boa qualidade de vida na idade madura excede, entretanto, os limites da responsabilidade pessoal e deve ser vista como um empreendimento de caráter sociocultural. Ou seja, uma velhice satisfatória não é atributo do individuo biológico, psicológico ou social, mas resulta da qualidade da interação entre pessoas em mudança, vivendo numa sociedade em mudanças (Featherman, Smith e Peterson).

Predomina o ponto de vista de que envelhecer bem depende do equilíbrio entre as limitações e as potencialidades da pessoa, o que lhe possibilitará lidar, em diferentes graus de eficácia, com as perdas inevitáveis do envelhecimento.

Ter uma boa velhice, seja lá o que isto signifique, não é atributo ou responsabilidade pessoal. Depende, sim, da interação entre o indivíduo e o seu contexto, ambos em constante transformação.

Alguns fatores que interferem na qualidade de vida da Pessoa Idosa: A saúde biológica é um dos mais poderosos indicadores do bem estar na velhice, bem como a maneira pela qual as pessoas lidam com os problemas de saúde. A satisfação com a família. A interação dentro da família, atividades desempenhadas fora dela e satisfação na vida. A situação econômica e psicológica oferece suporte material para o bem estar subjetivo. Este, por sua vez, influencia os modos de lidar com os diferentes graus de qualidade da habitação, com a vizinhança, com a independência econômica e com as expectativas relativas à estabilidade financeira. Descobrir significado para a vida é crucial para os idosos, uma vez que, com a idade, aumenta a probabilidade de experimentação de perdas e eventos incontroláveis. O grau de compromisso do idoso com relações, valores, ideais e tradições significativas que pode ser traduzido em busca de atividades prazerosas, causas sociais e relações de ajuda. A religiosidade também tem sido considerada como fonte potencial de significado pessoal de bem estar espiritual de aceitação da morte, do encontro de um sentido de transcendência para a vida e da satisfação com a vida (Blazer e Palmore).

É preciso saber envelhecer com sabedoria. E os antigos, como Aristóteles, já nos prescreveram a receita: amizades, exercícios físicos, alimentação saudável e o cultivo da espiritualidade.

“É preciso aprender com o vinho a envelhecer sem virar vinagre”(Dom Helder Câmara).

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